segunda-feira, 8 de julho de 2013

Câncer deve causar estragos na América Latina nas próximas décadas




Um estudo recente realizado por oncologistas da América Latina concluiu que o câncer deve causar estrago na região nas próximas décadas. De acordo com a análise, serão 1,7 milhão de novos casos do mal até 2030 (500 mil só no Brasil) e mais de um milhão de mortes anualmente.

O relatório foi publicado no periódico Lancet Oncology no fim de abril e traçou um amplo panorama dos problemas de diagnóstico e controle da doença na região. A maior preocupação não é tanto a incidência de câncer na população, considerada baixa em relação aos Estados Unidos (163 por 100 mil habitantes, enquanto a média americana é de 300/100 mil), mas a mortalidade latino-americana, que é 60% maior.

A principal causa é o baixo investimento em pesquisa, bem como em prevenção. O levantamento descobriu que se os americanos gastam 460 dólares por ano a cada novo paciente de câncer, os japoneses 243 dólares e o Reino Unido, 162, a América Latina gasta apenas 8, dado alarmante.

Além disso, outra informação sobre investimento também mostra a disparidade: a porcentagem do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país da região gasta com assistência médica varia muito, de 10,9% na Costa Rica para 5% na Jamaica, Bolívia, Peru e Venezuela.

E não para por aí: o diagnóstico tardio também é um problema que contribui para a alta mortalidade. Segundo o estudo, apenas 20% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágio inicial no Brasil e 10% no México, contra 60% nos EUA.

No entanto, a análise também aponta soluções, citando casos como os de México e Peru, que estão tentando melhorar seus índices por meio de programas e reformas no sistema público de saúde. Os mexicanos, por exemplo, criaram um seguro saúde estatal que cobre a população que não tem acesso a planos privados. Nele, há tratamento para os cânceres de adultos mais comuns e todos os infantis, e já alcançam 52,6 milhões de pessoas.

No Peru, onde 55% dos casos de câncer são de estágios avançados recém-diagnosticados, um plano foi criado no ano passado para prevenir e diagnosticar precocemente o mal em 12 milhões de pessoas em estado absoluto de pobreza.

Além disso, há outra frente pouco explorada na América Latina: os testes clínicos. A região tem 2.460 estudos no momento, um número que pode parecer alto a primeira vista, mas só significa 6% de todos os protocolos de pesquisa científica no mundo.

O número de centros clínicos latino-americanos por milhão de habitantes não chega a 2, enquanto a taxa dos Estados Unidos é de 82 e da Europa Ocidental, 11. O Lacog (sigla em inglês para Grupo Cooperativo de Oncologia da América Latina), que reúne dezenas de pesquisadores e centros clínicos de 12 países, recebe 7.000 novos pacientes por mês, mas é possível fazer ainda mais. Para os médicos, mais estudos clínicos podem fazer com que mais pessoas recebam tratamento de ponta a custo baixo ou zero.

Fonte: IG

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