sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Direitos (des) humanos



Depois de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o momento está mais para reflexão e lamento do que para qualquer tipo de comemoração, pois, apesar dos compromissos pela vida, liberdade e justiça, assumidos em 1948 pelas Nações Unidas, o que vemos hoje é o aprofundamento da exclusão, da desigualdade e da injustiça para grande parte da humanidade.

Segundo relatório da Anistia Internacional, em 81 países o cotidiano ainda é de maus tratos e torturas, em outros 54 países pessoas são submetidas a julgamentos injustos e em outras 77 nações há restrição de liberdade de expressão e pensamento. Para instituição, o fracasso das políticas de respeito aos Direitos Humanos é atribuída à falta de compromisso dos líderes mundiais, que preferiram fechar os olhos à barbárie, numa cumplicidade tolerante por conta muitas vezes de arranjos políticos.

Foi assim com a China, que continua a ignorar as promessas assumidas quando da realização dos jogos olímpicos, como, por exemplo, acabar com a “reeducação” dos dissidentes e a comunidade internacional também é tolerante com a Rússia, onde são claro os abusos contra habitantes da Chechênia. Os Estados Unidos e a União Européia também são citados pela Anistia Internacional, pois os americanos continuam a ignorar os apelos pelo fechamento da prisão de Guntanamo, e os europeus são citados por “entregar” refugiados políticos. Ou seja, de onde se poderia esperar o exemplo, é justamente de onde só ouvimos promessas e cobranças.

A verdade é que violações aos direitos básicos da pessoa não deveriam ser comuns, em pleno século XXI, praticamente em todas as partes. Isto só serve para constatarmos a ausência de compromisso com a civilidade e o quanto estamos longe das expectativas anunciadas em Paris, em 1948, principalmente quanto ao primeiro compromisso: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos."

Aqui no Brasil, a violência vitima milhares todos os anos, a escravidão é evidente e as autoridades continuam sem projetos para os nossos jovens, que continuam sem direito à educação e à saúde, requisitos básicos aos Direitos Humanos. A esperança de todos nós é que a civilidade sobreponha à barbárie, porém, antes disso, é preciso que o homem abstenha-se da ganância pelo poder, muitas vezes passando por cima de todos os valores que deveriam nos fazer diferentes dos animais. Este, para mim, é o maior desafio da humanidade.

Nenhum comentário: